DVDs - Submarino.com.br

terça-feira, 26 de maio de 2009


Depois de um dia na ponta de Nossa Senhora, na ilha dos Frades, decidi voltar para casa de praia. Já era final da tarde, a maré estava enchendo e as pessoas entravam em suas escunas para voltar a Salvador. Entrei no bote e segui para o barco. Minha família e eu nos acomodamos e o marinheiro tentava dar a partida. Depois de algumas tentativas frustradas ele confirmou a idéia de que o motor havia pifado. Saí do bote, de novo, e voltei para a areia. Lá, o marinheiro conseguiu uma carona em uma lancha para voltar à marina. Ele pegaria outro barco e nos deixaria em Paramana, a ilha onde eu passava férias.
Depois de um tempo de espera, o marinheiro chegara. E, para minha surpresa, vinha em um barco de pescador. Apesar da preocupação, o medo chegou quando fomos colocados no barco quebrado. A maré estava cheia, deixando o mar revolto. Enquanto eu colocava o colete salva-vidas, o marinheiro amarrava uma corda entre os dois barcos. Minha mãe o questionava porque iríamos ali já que o leme era a única coisa funcionando e o porquê de não ter pegado uma lancha. Enquanto terminava o nó na corda, explicou que aquele foi o único que conseguira e iríamos ali por que o outro estava cheio. Fechei os olhos e comecei a rezar. Durante esse tempo, outro pescador entrou no barco. Ele era quem guiaria o leme, mas, mesmo com sua presença não fiquei tranqüila, via preocupação em seu rosto.
O barco deu a partida. As crianças não queriam vestir o colete e choravam, deixando um clima tenso. Minha irmã e prima abraçaram seus filhos. Ouvi, em meio ao choro, suas vozes cantando baixinho para acalmá-los. Não parava de pensar na probabilidade daquela corda partir e nos jogar contra as pedras. Dentro do barco, me acomodei e sentei de forma distribuída. Éramos ali, o único peso. A maré nos jogava de um lado ao outro. Parecia um pêndulo balançando no mar enquanto o barco com motor era a mão que me segurava. Continuei sentada, rezei bem baixinho, mas com muita vontade de correr e ficar abraçada à minha mãe. Fiquei assim por um tempo. Achei que não poderia ser pior, só faltava à enseada e chegaria em casa.
Já tinha andado bastante, aquela praia ficara para trás. Para onde olhava, via água, areia e pedra. Sabia que já estava perto. Uma onda mais forte me fez inclinar. Tive a sensação de estar em uma gangorra. Segurei firme no banco e comecei a chorar. Minha irmã me olhou e disse que ficaria tudo bem, mas pela forma que segurou seu filho, até ela tinha suas dúvidas. A maré estava muito forte. As ondas eram grandes a ponto de nos molharem. Quebrando o silêncio, dei voz ao pensamento de todos. Caso o barco virasse, cada um nadaria em direção às pedras, e nada de tentar salvar os pertences. O pescador escorregou, caindo dentro do barco. levantei e fui ajudá-lo. O leme, sem controle, deixou o barco solto. Por alguns segundos, enquanto o pescador se levantava, o barco movia-se mais intensamente. O mar o fazia de bola em meio ao jogo de frescobol. O pescador levantou e voltou a controlar o leme.
Saindo da enseada, vi o porto onde o barco nos deixaria. a maré estava jogando, mas não tão intenso como antes. Fiquei paralisada. Não ouvia um ruído que não o das ondas do mar. Até as crianças se acalmaram. O barco atracou. Minhas pernas tremiam e mal se agüentavam em terra firme. Juntei as coisas, dei a mão a minha mãe, e fui para casa.
por Manuela Cal


sexta-feira, 22 de maio de 2009

Deus nos acuda.



Passeando pelos sites de informações dei atenção em especial a uma cujo título era: ‘Polícia Federal prende 12 em operação contra tráfico de pessoas e trabalho escravo’.De tudo que li, me prendi a 3 fatos:
1.aliciamento de imigrantes ilegais para o trabalho escravo no Brasil;
2. os explorados são chineses;
3. existe uma organização criminosa internacional para tal, cuja líder é paraguaia.
Colocando esses três tópicos, não há como não se surpreender e pensar que só pode ser uma piada. Não sei vocês, mas quando penso em entrada ilegal de imigrantes faço uma associação com a novela America ( aquela onde a personagem de Débora Secco tentava a qualquer custo viver no Estados Unidos e fazia a travessia pela fronteira com o México). Claro que aqui a travessia era feita pela fronteira com a Bolívia e o policiamento não é tão reforçado, para não dizer que provavelmente não exista. E aí vem aquela outra pergunta: para que traficar alguém pra cá,por castigo? Em vez de pena de morte eles decretam ser escravos no Brasil. tem sofrimento pior? Além de escravos, no Brasil.
Bom, vou parar com piadinha fora de hora e levantar um pensamento triste, mas que é um fato: a PF descobriu esse caso. Mas se existe esse, quantos mais não devem existir? Não vou entrar no fato de haver exploração humana. Isso é repugnante e ponto final. A discussão que eu quero entrar, é como essas coisas mostram que por trás do Pão de açúcar e do Olodum, o Brasil ta afundado. Todos os dias acordamos e vivemos nosso mundinho onde preferimos acreditar que a economia vai bem ou que o país não é dominado pela criminalidade. Quando, o que esta diante de nossos narizes é que aqui todo mundo faz o que quer. Se as pessoas quisessem vir pra cá para crescer na vida e ganhar dinheiro, eu me sentiria lisonjeada. Mas não é. Temos sim, muito a mostrar, mas muito mais a esconder. Quantas de nossas mulheres são enganadas e vão ser prostitutas fora do país? Quantos analfabetos? Quantas pessoas sonegam impostos? Quanta criminalidade? O mais decepcionante é saber que todos sabem disso, mas ninguém interfere. Quando digo todos, eu me incluo.
Nossa política é a do não vemos, não ouvimos e não falamos. Usamos de subterfúgios para fingir não perceber o que acontece, e assim vamos vivendo alheios a nossa volta.
para quem quiser acessar:

terça-feira, 5 de maio de 2009

ooops, foi mal.


Saí de casa levando comigo meu sobrinho. Como ele sempre sonhara em ir ao parque, resolvi levá-lo. Descemos do carro, compramos os tickets e entramos. Seus olhos brilhavam em meio aos brinquedos. Entre todos, a montanha russa atraia sua atenção de forma a ser o primeiro brinquedo que queria ir. A adrenalina que causaria não poderia ser maior que a que já estava sentindo. Ele entrou na fila. Pela quantidade de carrinhos e de gente à sua frente, percebeu que ficaria esperando de modo a ser o primeiro da próxima volta. Ele estava ali, apenas por um para entrar. Seu coração estava acelerado, os gritos eram fortes e apavorantes, mas ele queria sentir aquela sensação. Pela primeira vez estava em um parque e, estrearia no brinquedo mais temido e desejado por todos.
O rapaz que libera a entrada do brinquedo tirou a corrente. Enquanto escolhia em qual carro iria, eu o mandei sair pra irmos embora. Pedro me olhou como se não acreditasse. Estava esperando que eu afirmasse ser brincadeira, mas não era. Tinha recebido um telefonema e precisava ir embora naquele instante. Não poderia esperá-lo brincar na montanha russa e, no dia seguinte o parque ainda estaria lá. Ele abaixou a cabeça. Seus olhos ficaram longe, cobertos por lágrimas que logo foram derramadas. Vi, pela primeira vez, a decepção em seu rosto de 11 anos de idade.



QUE CRUEL.....
Não, isso não é maluquice. Enquanto digito, minha voz que não emite som, mas muito me diz enquanto me calo, grita.
O que tento expressar e relacionar, é que a decepção sofrida pelo Pedro não difere da decepção sofrida por um adulto [ me refiro ao sentimento de dor. Não física,mas aquele emaranhado de sentimentos ruins que dói no peito quando nos decepcionamos]. O que difere é que enquanto criança, o Pedro tem o direito de chorar e externar para logo mais ser paparicado. Já, enquanto adultos, temos mais dificuldades. Guardamos para nós aquilo que nos machuca, ou, no máximo, contamos para os amigos mais íntimos.
Às vezes, na tentativa de acertar, erramos. Por isso, se for levar uma criança ao parque, deixe-a brincar. Caso contrário, não passe nem na porta, por mais que sua intenção tenha sido boa, pode haver seqüelas.