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quinta-feira, 19 de novembro de 2009




Com os pulsos vermelhos, mariana olhou para as marcas que o pedaço da camisa deixou em seus braços. Horas mais cedo, sofrera um sequestro no estacionamento do mercado quando ajudava um recém conhecido, Paulo, a levar as compras para o carro. Abriu o porta-malas e, enquanto se inclinava para guardar as sacolas, recebeu uma pancada na cabeça. Mariana caiu desacordada e, depois de ter seus membros amarrados e os olhos vendados com um pedaço rasgado da camisa do sequestrador, foi jogada no porta-malas.
Retomada a consciência, percebeu o escuro que tinha a sua volta. Levantou assustada e bateu com a testa. Em sua cabeça, 5 kg de chumbo pareciam se movimentar de um lado ao outro. Apesar dos pulsos amarrados e da dor, tateou o espaço. Fechou as mãos como se fosse socar alguém, esticou os braços e bateu no capô. Enquanto batia, imaginou ser vítima de uma brincadeira de seus amigos que a aguardavam no estacionamento, mas a última coisa que lembrava era de ter ajudado Paulo. Continuou batendo forte. Tinha a esperança de sair daquele lugar. Depois de tanta agitação, seu coração batia acelerado. O porta-malas parecia ter diminuído e o ar começou a faltar. Na tentativa de se acalmar, parou de se mover e respirou fundo. A pulsação voltava ao normal quando sentiu o carro diminuir a velocidade. Seu coração voltou a disparar: Era chegada hora de descobrir o que acontecera.
Paulo desceu do carro, abriu o porta-malas, tirou as amarras dos pés de mariana, colocou-a no chão e a guiou até a porta. Ela suspirou. O ar invadiu seus pulmões passando-lhe a sensação de alívio.  Fez perguntas, mas obteve o silêncio como resposta. O mesmo vento que a trouxe alívio, trazia, agora, um cheiro. Era o perfume doce e suave que e ela sentira no mercado. Apesar de feminino, era o perfume que Paulo usava. Encostou-se na parede e foi escorregando até sentar no chão. O perfume que invadia seus sentidos touxe a suspeita de que Paulo fosse o autor daquela situação. Colocada em uma cadeira, teve a venda retirada dos seus olhos. Ele estava encapuzado e a roupa era diferente, mas ela viu o colar dele. Era a mesma gargantilha de ouro que ele usava no dia em que se conheceram. Apesar de nunca terem se visto fora do mercado, fazia um mês que eles se apresentaram na fila do caixa. Desde então, semanalmente se encontravam. A ficha caiu e ela entendeu que era vítima de um sequestro.
Paulo mandou-a calar e abaixar a cabeça. Mantendo-se calma, respirou fundo, abaixou a cabeça e observou o que pode no chão à sua volta. Fechou os olhos e prestou atenção em tudo o que ele dizia. Ele estava na sua frente, com o celular em mãos indo em direção ao ouvido. No outro lado da linha estava seu pai. Paulo fez o pedido de resgate e, enquanto saia do cômodo, Mariana o pediu que a soltasse. Não conseguia parar de pensar no pai, e o medo de que ele a rejeitasse tomou conta dela. Em sua mente ecoava seu último pedido a ele: que a esquecesse.
Analisou o ambiente em busca algo que a soltasse, ou a fizesse fugir. Mas dentro do quartinho só estava ela e a cadeira. Nenhum objeto ali poderia cortar a grade de ferro da janela ou da porta. Seu pensamento foi interrompido quando recebeu um prato com comida e teve seus braços soltos. Olhou para os pulsos. Sentiu o ardor das marcas vermelhas que ficaram e chorou. Não só pela dor física, mas também pela emocional. Desejou voltar no tempo para dizer o quanto ele, o pai, era importante para ela. Lembrou das tentativas dele de reaproximação e de sua frieza como resposta depois de ter ido embora de casa por não aceitar seu casamento. E agora não parava de pensar no quanto queria mais uma chance para dizer o quanto sentia sua falta.
Levantou da cadeira, olhou em volta e foi até a janela. Olhou para fora, mas só enxergou mato. Ouviu seu sequestrador dizer para nunca mais confiar em estranhos. Deitou no chão e acabou dormindo.
Acordou com Paulo gritando ao telefone. Dizia que ia deixá-la no lugar combinado, mas antes, pegaria o dinheiro. Levantou assustada com o grito dele mandando-a ficar em pé. Ele foi até ela, amarrou seus braços, vendou seus olhos e a guiou ate o carro.
O carro finalmente parou. Mariana foi guiada até uma árvore, onde permaneceu sentada com os olhos vendados. Ouviu alguém gritar seu nome. Era seu pai. Ele se aproximou, tirou a venda dos seus olhos e as amarras dos braços. Mariana levantou, abraçou o pai e pediu para voltar à casa.


por Manuela Cal


domingo, 9 de agosto de 2009

Pai,


Sei bem o quão clichê é dizer ‘eu te amo’ nesse dia, o seu dia. Então resolvi prestar essa singela homenagem e espero que aceite como meu presente. Não vou dizer ‘eu te amo’, vou tentar demonstrar porque eu sinto isso.
Pai não é alguém que a gente pode escolher e pronto. Pai a gente tem a sorte de ter e eu tenho você. Se alguém me perguntasse se o trocaria, sem pensar duas vezes diria que não. Não só porque é bonito dizer que ama os pais, mas porque, além de perder aquele que forneceu o esperma vencedor, eu estaria perdendo meu melhor amigo. Perderia meu melhor amigo de carnaval, e o mundo perderia dois grandes dançarinos de pagode; Perderia meu companheiro de dança em casamento que mesmo sem vontade vai dançar.  Perderia meu conselheiro; Perderia ao mesmo tempo meu confidente e mediador, uma vez que eu sempre recorro quando eu faço besteira ou quero algo e sei que minha mãe não vai deixar. Não estou dizendo que nesse caso eu te use. Apenas abuso um pouco do seu poder de pai.
Sei que não é 100% perfeito. Você tem seus defeitos. Ah, e como eu os odeio, mas suas qualidades os superam. Minha admiração pelas suas pequenas atitudes faz com que eu te veja como um herói e sinta orgulho em te ter como pai. São atitudes que já presenciei, como te ver tirar a camisa na rua e dar para uma pessoa que te pediu porque estava com frio, ou ver você tratando todo mundo de maneira respeitosa. São pequenas coisas, mas sempre as tive como exemplo.
Tudo o que eu citei não representa metade das historias que temos. Busquei as mais antigas para te mostrar que tenho tudo guardado comigo. Não estou com você ai hoje, mas você esta sempre aqui comigo.
FELIZ DIA DOS PAIS.

quinta-feira, 18 de junho de 2009


E a ‘ terra de ninguém’ da um novo decreto. Para quem ainda não sabe, o Supremo Tribunal Fedreral (STF) sancionou a lei e o diploma de jornalismo não é mais necessário para que a profissão seja exercida. Muitos se perguntam: ‘ e daí?’ e eu respondo: ‘ eu me fud*’
Brincadeiras a parte, isso revela um lado preocupante da sociedade brasileira. Muitos leigos,ou não, alegam que não há necessidade do curso uma vez que o jornalismo não é uma profissão que interfira na vida de terceiros, tendo sua relevância comparada ao curso de costura e culinária. Ou usam da preocupação dos estudantes com o diploma para fazer provocações.
Não é preciso ser gênio para notar que a qualidade jornalística do nosso país não é das melhores. O diploma não torna alguém mais capacitado, mas filtra aqueles que realmente desejam algo e os aperfeiçoa. O dom da palavra não é algo que atinge a todos, jornalismo não é apenas saber escrever bonito e não ter vergonha para falar. É uma ciência, a chamada COMUNICOLOGIA. Em 4 anos de curso não aprendemos como fofocar, aperfeiçoamos técnicas para que as mais diferentes pessoas consigam entender a mesma mensagem sem distinção, para que todas adquiram o mesmo conhecimento. Claro que alguns sabem escrever, mas o preparo mesmo, não tem. Se a situação esta ruim com quem tem diploma, imagine agora onde todos se permitirão ser jornalistas.
Outro ponto da discussão é sobre cada profissional falar sobre sua área, mas já pensou a loucura que iria ser? O papel do jornalista esta justamente em colher a informação e passá-la de maneira clara para que seja entendida por todas as classes. Sem isso a comunicação seria IMPOSSIVEL. A linguagem da medicina, da economia, do direito e, de todas as outras profissões é diferente. E, na sociedade capitalista em que vivemos, onde os trabalhadores mal tem tempo para sua própria família, é que não vai haver mesmo tempo para preocupar-se como será passada e com a qualidade da informação.
Como estudante de jornalismo eu me sinto decepcionada. Não é apenas um canudo que me preocupa, mas com o pouco caso que foi tratado. Por mais que neguem, jornalismo é necessário. Não são todas as pessoas que estão capacitadas para exercê-lo da maneira como deve. E , se realmente queremos seriedade no país, deveríamos começar a levar a sério quem transmite a informação.

quarta-feira, 17 de junho de 2009


O colorido da primavera se fora dando início ao verão. O verde escuro da grama cedera espaço a um tom gasto, queimado pelo excesso de sol, mas a caneca continuava ali, na sua presença muda, se fazendo presente no meu dia. Segurada pela alça pentagonal durante o último gole, ela estava em minhas mãos enquanto eu tomava sol à beira da piscina. Acabado o gole, apoiei- a no chão. No mesmo instante, ouvi meu nome e virei para trás. Meu primo, que chegara de viagem, vinha correndo em minha direção para me dar um abraço e não vira nada além de mim. A caneca, que estava do meu lado, levara um chute exatamente na parte inferior da alça, o que deu intensidade o suficiente para fazer uma parábola no ar. Como se fosse uma bola estampada de oncinha, sofrera aquele chute que a arremessara para a outra borda da piscina.
Ela, que era estreita e, à medida que seguia para o topo se alargava como as patas de uma onça, se partira em três pedaços. Deles, dois rolaram para a grama, apenas a alça continuara na borda. Desde que a ganhara não utilizara de outra caneca que não ela. E agora estava ali, quebrada. Sabia que ela não poderia mais me acompanhar pela casa armazenando meus líquidos enquanto eu pensava. Mas, se fosse consertada, encontraria alguma função para ela realizar. Não poderia privar as pessoas de admirá-la. E eu, não poderia jogar fora uma companhia fiel. Na tentativa de consertá-la, os pedaços foram sendo encaixados. Primeiro, sua base fora encaixada com a superfície. Os pequenos pedacinhos que não viraram pó de cerâmica tentavam preencher os espaços vazios. A caneca, que se tornara minha companhia silenciosa por longos cinco anos, voltava a assumir sua forma. Depois de encaixada, a cola passou a invadir os cacos e, à medida que ficavam presos uns aos outros, aquele amontoado de pedaços partidos, voltava a ser um objeto completo.
Colocada em cima de uma mesa branca, passei a admirá-la depois de pronta. Não estava intacta como antes tinha, ao longo de seus limites, marcas da colagem que denunciavam seu acidente. Mas, o tom escuro do amarelo, e o preto, mais parecido com uma nuvem no céu carregada de chuva, contrastavam da mesma forma de antes com o branco da cerâmica, expondo sua vivacidade através das cores e tornando as marcas um mero detalhe.
Sem destino certo, a caneca foi limpa com um pano úmido. Ali, ainda na mesa branca da piscina, lembrei dos meus estudos. Enquanto tentava resolver os exercícios ela ficava na janela com vista para o jardim, bem em frente à minha escrivaninha. Levantando da mesa, coloquei-a em minhas mãos e fui em direção ao quarto. Empurrei a porta e olhei para janela onde o Sol começava a se pôr. Colocada em cima da mesinha, a caneca, teve depositado em seu interior as melhores canetas da minha coleção. Ali, além de decorar a mesa, exporia sua beleza a quem me visitasse e continuaria me acompanhando diariamente.
por Manuela Cal


terça-feira, 26 de maio de 2009


Depois de um dia na ponta de Nossa Senhora, na ilha dos Frades, decidi voltar para casa de praia. Já era final da tarde, a maré estava enchendo e as pessoas entravam em suas escunas para voltar a Salvador. Entrei no bote e segui para o barco. Minha família e eu nos acomodamos e o marinheiro tentava dar a partida. Depois de algumas tentativas frustradas ele confirmou a idéia de que o motor havia pifado. Saí do bote, de novo, e voltei para a areia. Lá, o marinheiro conseguiu uma carona em uma lancha para voltar à marina. Ele pegaria outro barco e nos deixaria em Paramana, a ilha onde eu passava férias.
Depois de um tempo de espera, o marinheiro chegara. E, para minha surpresa, vinha em um barco de pescador. Apesar da preocupação, o medo chegou quando fomos colocados no barco quebrado. A maré estava cheia, deixando o mar revolto. Enquanto eu colocava o colete salva-vidas, o marinheiro amarrava uma corda entre os dois barcos. Minha mãe o questionava porque iríamos ali já que o leme era a única coisa funcionando e o porquê de não ter pegado uma lancha. Enquanto terminava o nó na corda, explicou que aquele foi o único que conseguira e iríamos ali por que o outro estava cheio. Fechei os olhos e comecei a rezar. Durante esse tempo, outro pescador entrou no barco. Ele era quem guiaria o leme, mas, mesmo com sua presença não fiquei tranqüila, via preocupação em seu rosto.
O barco deu a partida. As crianças não queriam vestir o colete e choravam, deixando um clima tenso. Minha irmã e prima abraçaram seus filhos. Ouvi, em meio ao choro, suas vozes cantando baixinho para acalmá-los. Não parava de pensar na probabilidade daquela corda partir e nos jogar contra as pedras. Dentro do barco, me acomodei e sentei de forma distribuída. Éramos ali, o único peso. A maré nos jogava de um lado ao outro. Parecia um pêndulo balançando no mar enquanto o barco com motor era a mão que me segurava. Continuei sentada, rezei bem baixinho, mas com muita vontade de correr e ficar abraçada à minha mãe. Fiquei assim por um tempo. Achei que não poderia ser pior, só faltava à enseada e chegaria em casa.
Já tinha andado bastante, aquela praia ficara para trás. Para onde olhava, via água, areia e pedra. Sabia que já estava perto. Uma onda mais forte me fez inclinar. Tive a sensação de estar em uma gangorra. Segurei firme no banco e comecei a chorar. Minha irmã me olhou e disse que ficaria tudo bem, mas pela forma que segurou seu filho, até ela tinha suas dúvidas. A maré estava muito forte. As ondas eram grandes a ponto de nos molharem. Quebrando o silêncio, dei voz ao pensamento de todos. Caso o barco virasse, cada um nadaria em direção às pedras, e nada de tentar salvar os pertences. O pescador escorregou, caindo dentro do barco. levantei e fui ajudá-lo. O leme, sem controle, deixou o barco solto. Por alguns segundos, enquanto o pescador se levantava, o barco movia-se mais intensamente. O mar o fazia de bola em meio ao jogo de frescobol. O pescador levantou e voltou a controlar o leme.
Saindo da enseada, vi o porto onde o barco nos deixaria. a maré estava jogando, mas não tão intenso como antes. Fiquei paralisada. Não ouvia um ruído que não o das ondas do mar. Até as crianças se acalmaram. O barco atracou. Minhas pernas tremiam e mal se agüentavam em terra firme. Juntei as coisas, dei a mão a minha mãe, e fui para casa.
por Manuela Cal


sexta-feira, 22 de maio de 2009

Deus nos acuda.



Passeando pelos sites de informações dei atenção em especial a uma cujo título era: ‘Polícia Federal prende 12 em operação contra tráfico de pessoas e trabalho escravo’.De tudo que li, me prendi a 3 fatos:
1.aliciamento de imigrantes ilegais para o trabalho escravo no Brasil;
2. os explorados são chineses;
3. existe uma organização criminosa internacional para tal, cuja líder é paraguaia.
Colocando esses três tópicos, não há como não se surpreender e pensar que só pode ser uma piada. Não sei vocês, mas quando penso em entrada ilegal de imigrantes faço uma associação com a novela America ( aquela onde a personagem de Débora Secco tentava a qualquer custo viver no Estados Unidos e fazia a travessia pela fronteira com o México). Claro que aqui a travessia era feita pela fronteira com a Bolívia e o policiamento não é tão reforçado, para não dizer que provavelmente não exista. E aí vem aquela outra pergunta: para que traficar alguém pra cá,por castigo? Em vez de pena de morte eles decretam ser escravos no Brasil. tem sofrimento pior? Além de escravos, no Brasil.
Bom, vou parar com piadinha fora de hora e levantar um pensamento triste, mas que é um fato: a PF descobriu esse caso. Mas se existe esse, quantos mais não devem existir? Não vou entrar no fato de haver exploração humana. Isso é repugnante e ponto final. A discussão que eu quero entrar, é como essas coisas mostram que por trás do Pão de açúcar e do Olodum, o Brasil ta afundado. Todos os dias acordamos e vivemos nosso mundinho onde preferimos acreditar que a economia vai bem ou que o país não é dominado pela criminalidade. Quando, o que esta diante de nossos narizes é que aqui todo mundo faz o que quer. Se as pessoas quisessem vir pra cá para crescer na vida e ganhar dinheiro, eu me sentiria lisonjeada. Mas não é. Temos sim, muito a mostrar, mas muito mais a esconder. Quantas de nossas mulheres são enganadas e vão ser prostitutas fora do país? Quantos analfabetos? Quantas pessoas sonegam impostos? Quanta criminalidade? O mais decepcionante é saber que todos sabem disso, mas ninguém interfere. Quando digo todos, eu me incluo.
Nossa política é a do não vemos, não ouvimos e não falamos. Usamos de subterfúgios para fingir não perceber o que acontece, e assim vamos vivendo alheios a nossa volta.
para quem quiser acessar:

terça-feira, 5 de maio de 2009

ooops, foi mal.


Saí de casa levando comigo meu sobrinho. Como ele sempre sonhara em ir ao parque, resolvi levá-lo. Descemos do carro, compramos os tickets e entramos. Seus olhos brilhavam em meio aos brinquedos. Entre todos, a montanha russa atraia sua atenção de forma a ser o primeiro brinquedo que queria ir. A adrenalina que causaria não poderia ser maior que a que já estava sentindo. Ele entrou na fila. Pela quantidade de carrinhos e de gente à sua frente, percebeu que ficaria esperando de modo a ser o primeiro da próxima volta. Ele estava ali, apenas por um para entrar. Seu coração estava acelerado, os gritos eram fortes e apavorantes, mas ele queria sentir aquela sensação. Pela primeira vez estava em um parque e, estrearia no brinquedo mais temido e desejado por todos.
O rapaz que libera a entrada do brinquedo tirou a corrente. Enquanto escolhia em qual carro iria, eu o mandei sair pra irmos embora. Pedro me olhou como se não acreditasse. Estava esperando que eu afirmasse ser brincadeira, mas não era. Tinha recebido um telefonema e precisava ir embora naquele instante. Não poderia esperá-lo brincar na montanha russa e, no dia seguinte o parque ainda estaria lá. Ele abaixou a cabeça. Seus olhos ficaram longe, cobertos por lágrimas que logo foram derramadas. Vi, pela primeira vez, a decepção em seu rosto de 11 anos de idade.



QUE CRUEL.....
Não, isso não é maluquice. Enquanto digito, minha voz que não emite som, mas muito me diz enquanto me calo, grita.
O que tento expressar e relacionar, é que a decepção sofrida pelo Pedro não difere da decepção sofrida por um adulto [ me refiro ao sentimento de dor. Não física,mas aquele emaranhado de sentimentos ruins que dói no peito quando nos decepcionamos]. O que difere é que enquanto criança, o Pedro tem o direito de chorar e externar para logo mais ser paparicado. Já, enquanto adultos, temos mais dificuldades. Guardamos para nós aquilo que nos machuca, ou, no máximo, contamos para os amigos mais íntimos.
Às vezes, na tentativa de acertar, erramos. Por isso, se for levar uma criança ao parque, deixe-a brincar. Caso contrário, não passe nem na porta, por mais que sua intenção tenha sido boa, pode haver seqüelas.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Quem sabe um dia..



Aaah, como eu queria acordar em frente ao mar. Não um mar qualquer, mas aquele bem azul. Levantar bem cedo, me espreguiçar e sentir aquela brisa bagunçando o cabelo. Caminhar algumas horas só ouvindo o quebrar das ondas. Olhar em volta e não ver nada além do mar, tão azul, que se confunda com o céu. Ao cair da noite, tocar violão ao lado de uma fogueira. Deixá-la queimar até o fim e,quando a musica não mais bastar, perder-me na conta das estrelas.

terça-feira, 28 de abril de 2009


Amor para cá, amor para lá. ‘ah, o amor’. E quem não prefere acreditar no amor como o mais belo e nobre dos sentimentos? O amor, é para aqueles que têm a capacidade de se doar, é para quem não pensa tanto em si e compartilha com alguém em especial suas alegrias e tristezas. BALELA. Sim, o amor é sim um sentimento perfeito, mas enquanto fetiche [entenda fetiche por algo que não ultrapassa o campo imaginário,pois se o faz, passa a ser realidade]. E quando digo amor, faço referência àquele entre homem e mulher.
Lendo um livro, tive um estalo e pensei no amor por outro ponto de vista que não o da perfeição. No livro, uma personagem amargurada no campo afetivo tentava mostrar à personagem principal que se dependesse de seu interior, nunca conquistaria ninguém. Os únicos atrativos que ele poderia oferecer seria seu porshe vermelho e seu gordo salário de 6 cifras. Sim, esse ponto de vista é mais comum. Porém, também o acho uma BALELA. Ele é muito extremista e para pessoas amarguradas.
Pondo os dois casos na balança, peneiro o que há de sensato em cada um e concluo que o amor não surge como um estalo. Você pode até se sentir atraído por alguém em um primeiro contato, mas o que te fará investir em algo são as trocas que, mesmo sem perceber, vocês possam fazer. Quando falo em troca, me refiro ao que cada um busca no outro. Às vezes isso pode ser a maneira de vestir, o grau de popularidade, a inteligência, a classe social, o jeito de agir. Cada pessoa é diferente e busca na outra algo que a complete. E, quando se completam, desfrutam de sensações que nem ela pensava existir. Quando nos machucamos com o amor, significa que achamos aquilo que queria, mas que não éramos aquilo que era procurado. Quando aquele amor é perfeito, quer dizer que foi bom enquanto durou. E, que em algum momento teve que ser interrompido. Mas, quando o amor é simplesmente amor, nunca acaba. Apenas muda de forma. O amor apenas por existir te faz livre. Esse amor é o que encanta os versos dos poetas que nos fazem babar desejando sentir aquilo que ele descreve.
Enquanto existirmos, amaremos. E,logo descobriremos que muitas vezes quando pensamos ser amor, era na verdade paixão, e essa, enquanto sentimento, logo passa. Cabe a cada um perceber o que sente e atribuir um o valor exato. Mas, nunca estar de portas fechadas. E, para concluir meu pensamento, pego carona na musica do chiclete com banana e afirmo: ‘ se me chamar eu vou, ao som que furta cor, que furta coração, e leva a emoção... ’

sexta-feira, 24 de abril de 2009


Atenção. Venho, através deste, reunir os interessados em ganhar a vida fácil. A idéia consiste num movimento para profissionalização daqueles que ganham a vida de uma maneira não aceita pela sociedade, porém bastante freqüente no cotidiano brasileiro. Sim, estou aqui para reunir os que assim como eu cansaram de tentar estudar e levar uma vida digna para alcançar aquilo que almeja e estão optando pela implantação de mais um curso no nível superior: BANDIDAGEM.
Fazendo o curso, o indivíduo aprenderia a ser bandido profissional. Daríamos adeus àqueles assaltos realizados por principiante que só nos poupam tempo e o celular e, o país aumentaria consideravelmente o número de universitários. O objetivo não é acabar com as outras profissões, que fique bem claro. Sempre houve, e sempre haverá, aqueles que sonham em mudar o mundo. Porém, muitos desses, estão desiludidos. A desilusão veio quando a casa foi saqueada, ou o carro roubado e até mesmo um parente lhe foi tirado. Sendo assim, só resta entrar na onda que nos atinge e pararmos de sonhar que a segurança do país, bairro e até mesmo do condomínio serve para algo.

Dentre a grade do curso, teríamos.

Português I: Para ensinar ao bandido uma linguagem que o facilite na hora do roubo.

Invasão domiciliar I e II: Cada casa é um caso, e devem ser estudados detalhadamente. Precisamos parar de invadir casas e roubar roupas, isso é coisa do passado.

Assalto a mão armada: chega de matar por impulso, se for alguém q influencie na sociedade pode resultar em prisão.

Criatividade: há que inovar, ser sempre o mesmo e fazer sempre o mesmo pode ser prejudicial. Você fica marcado e, ladrão que se respeite não deve ganhar os créditos. Corre o risco de ser pego.

Entre outras, teríamos também abordagens rápidas e etiqueta.

Vamos lá gente. Ganhar a vida fácil e tirar daqueles bobocas sonhadores o que eles trabalham para conseguir. Nosso único trabalho será estudar para fazer de maneira profissional. Não temos nada a perder, é como meu colega bandido disse ao assaltar uma casa: a segurança do estado não serve para nada.

sábado, 18 de abril de 2009

' Mas ando meio descontente, desesperadamente eu grito em português'


‘Socorro, já não estou sentindo nada’. Esse sentimento de não sentir nada é o que me acompanha ultimamente. Quando conhecemos uma pessoa, mesmo gostando no primeiro momento, levamos um tempo para que possamos chamar verdadeiramente aquele relacionamento de amizade. E quando o fazemos, desejamos aquela pessoa sempre por perto. Nós, que sabemos tanto sobre tudo, temos dificuldade em nos afastar daquilo que gostamos, e por conta disso, sofremos. E o porquê de eu estar falando tudo isso? Porque mais uma vez estou tendo que me despedir de alguém que gosto de verdade. Quando pego carona na musica de Arnaldo Antunes e digo não estar sentindo nada, não é porque não sinta e sim porque sinto em excesso. É um misto de tentar entender os motivos de sua ida com meu egoísmo que a quer perto de mim. E, por conta disso, não consigo demonstrar nada.
Não faz muito tempo, exatamente um ano, eu estava na mesma situação. Mudei para um novo estado e foi aí que a conheci. O primeiro contato não foi dos melhores. Apesar de ter sido simpática comigo, já tinha uma concepção sobre ela. Ouvira certas coisas minutos antes. Mesmo assim, decidi conhecê-la. Posso afirmar que foi uma escolha certa. Nossa amizade cresceu com o tempo. Não foi de uma hora para outra. A medida que nos conhecíamos, aumentava a confiança, os conselhos e a intimidade.
É pela paciência de nossa amizade, que acredito que a distância não irá interferir nela. É por também já ter passado pela mesma situação que sei que o que ela sente e seus medos. Mas é por também já ter passado por isso que sei que a distância não mudará o sentimento. Apenas nos deixará um pouco afastadas, mas apenas enquanto buscamos nossos caminhos. E agora só me resta torcer para que suas escolhas sejam acertadas e ela obtenha o sucesso que merece.

quinta-feira, 16 de abril de 2009




Calcei meu tênis no final daquela tarde e fui correr no calçadão. Enquanto caminhava até a treze, notei a rua menos movimentada. Menos pessoas e menos carros. Percebi então que era domingo. Provavelmente não haveria outras pessoas dispostas a correr naquele horário, e eu seria a única. Chegando lá, sorri. Eu não era a única. Outras pessoas caminhavam também. Meu gosto por correr vai além de fazer bem à saúde. Faz-me relaxar e esquecer um pouco dos problemas.
Liguei o ipod e comecei com uma caminhada. O vento batia em meu rosto e os cabelos já balançavam. Às vezes perdia a atenção por conta de algum conhecido passando, mas logo me concentrava outra vez. Enquanto alongava os braços, acelerei os passos e os deixei para trás. Senti o corpo ficar quente. Era o sinal para acelerar ainda mais a passada. Pouco a pouco ia aumentando a velocidade. Já passara da caminhada e entrava no estágio de corrida em passos curtos.
O vento ficou mais intenso em meu rosto. Estava assim por causa da velocidade dos meus passos. Todas as pessoas, antes na minha frente, ficaram para trás. Já não os via. O suor começou a escorrer e meu corpo ficou ainda mais quente. A música do ipod dava o ritmo das passadas. Meu único pensamento era não esbarrar naqueles que estavam caminhando. O estudo e toda preocupação ficavam pelo caminho. Naquela hora, nenhum pensamento além da corrida chegava a minha mente. Comecei então a correr. Minha respiração seguia um ritmo único. As pernas latejavam, como se não quisessem parar de se movimentar. O suor já fazia parte de mim. Permaneci assim até completar a segunda volta.
Fui aos poucos diminuindo a intensidade de toda aquela agitação. Meu coração voltou ao batimento normal. Parei para tomar uma água de coco. Sentada, observava as pessoas passando e tentava adivinhar seus pensamentos. Queria saber se sentiam como eu. O vento enxugava meu suor e a água de coco diminuía minha sede. Senti-me anestesiada e o efeito passava gradativamente. Meu corpo tinha se exercitado e em troca, espalhava em mim energia e disposição para continuar estudando. Percebi como correr virara necessidade. A cada corrida aprendia a entender meu corpo e seus sinais. Descobri como não ficar estressada com a correria do dia-a-dia e manter o corpo saudável. Ali, enquanto tomava o coco, acabara de descobrir o porquê de gostar de correr. Olhei o relógio e vi o adiantado da hora. Como precisava voltar à casa antes das seis, levantei da mesa e descansada, fui para casa.


por Manuela Cal