Enquanto assistia a chuva molhar as plantas do jardim, bem baixinho, de maneira que só ela pôde ouvir, pediu socorro porque já não sabia o que sentia. Mas, diferente da falta de vontade de rir ou da ausência do amor e da dor, ela os percebia invadindo seu peito, sufocando-a a ponto de não saber diferenciá-los e não ter controle sobre eles. Muitos reclamam pela ausência de sentimentos, ela era pela abundância. Pensava que sentimento é bom, mas não quando te deixa sem saber o que definitivamente é, porque o que sentia ultimamente não podia ser classificado como nada.
Aproveitando-se da onipotência da juventude, ela queria liberdade, ser dona do nariz, ter mais astúcia. Mas, insegura como uma criança que tenta dar seu primeiro passo, tem medo, saudade e vontade de chorar. Quer o colo de mãe, de pai, de namorado, mas quer ser adulta, precisa ser. Ela acredita que chega uma idade em que as garotas precisam ter maturidade e mostrar que cresceu. Mas o principal é provar para aqueles que a enxergam como uma criança que ela mudou e é capaz de dar rumo à sua vida.
Percebeu que basta um estalar de dedos, uma palavra de carinho para que se passe da angústia à gargalhada. Mas nem sempre isso é encontrado. Quem está perto nem sempre tem a sensibilidade e acaba discutindo mais. A sensibilidade alheia é tão insensível, ela concluiu. Não conseguem ver que por trás daquela careta de emburrada tem um coração que vai à boca na tentativa de se desprender sentimento que a amarra e faz seus olhos marejarem.
Ela quer tudo e quer agora. Viajar, fazer amigos, trabalhar, ter sucesso profissional. Diante de tantas controvérsias, como querer que alguém a entenda, se nem ao menos ela se entende?
Mariana levantou da cadeira onde olhava o jardim e saiu pensando que talvez fosse fase, nostalgia, Crescimento ,ou, até mesmo, birra de criancinha mimada que brinca de ser gente grande.
por Manuela Cal
Fase, nostalgia, crescimento, birra...
ResponderExcluirTalvez seja tudo isso e mais um pouco. [Identifico-me]
Parabéns pelo texto.
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